segunda-feira, 11 de maio de 2020

Coronavírus: isolamento social em tempos de pandemia

Em primeiro lugar gostaria de dizer que passamos um período de profunda reflexão. Um momento de olhar pra dentro e refletir sobre quem somos, quem amamos e se estamos dando o valor devido, não para certas coisas, mas para as coisas que realmente importam, assim como, não para certas pessoas, mas para as pessoas que amamos.
Usamos o pior que temos para falar dos defeitos das pessoas e o melhor que temos para falar de nossos defeitos. Temos além de todo caos uma oportunidade de usar o melhor que temos de maneira solidária. O primeiro ato de solidariedade é cuidar da saúde dos que amamos. Por tanto, fique em casa!

Isolamento social

Ficar em casa. Todos os dias escutamos de pessoas próximas, nas mídias ou redes sociais uma intensão de proteção da coletividade, resumido na frase: “Fica em casa”. No momento, ainda escutamos a frase: “Fica em casa, se puder” .
Todos nós vivemos uma modificação significativa em nossas vidas. O mundo mudou drasticamente em um piscar de olhos. Um simples flertar, ou ir à escola, ou ao trabalho, práticas do dia a dia que o individuo muitas vezes não valorizava por ser comum e habitual tornaram-se objeto de conquista da maioria dos seres humanos.
Não é fácil mudar quem somos, isso se “materializa” em nossos comportamentos e nossas atividades. O quê fazemos no dia a dia muitas vezes nos define. Há todo tempo quando vamos nos identificar no meio social, buscamos informar quanto aos nossos hábitos e costumes. Alguns são advogados e também surfistas, lutadores de jiu-jitsu; outros são enfermeiros e gostam de futebol e sempre estão em uma roda de samba no final do dia; Muitos são de nós são muitas coisas. E são essas coisas que nos fazem “ser”. Esse “ser” é um conjunto de atividades, ofícios, comportamentos que formam a nossa persona. Essa é descrita por Carl Yung como a personalidade que o indivíduo apresenta aos outros como real, mas que, na verdade, é uma variante às vezes muito diferente da verdadeira.
Para cada local que vivemos temos uma forma de nos apresentar. Como um professor, que se coloca de uma forma, diante de alunos, em seu local de trabalho, mas em seu meio pessoal, possui a liberdade de utilizar outros códigos de comunicação, como palavras não recomendadas ao meio profissional, que poderia levar a um julgamento social. A variedade de possibilidades de sermos pessoas diferentes em diversos locais, muitas vezes nos afasta necessariamente de quem somos de verdade. Mesmo para casais quem moram juntos, existe momentos em que eles podem ter outras personas e tudo isso, que parece negativo, pode ser a capacidade lábil do ser humano de ser resiliente ao meio.
De certo, pode haver uma perda de identidade nesse período de isolamento. As pessoas que antes possuíam energia direcionada a afazeres, a rotina, a ao cotidiano conturbado do mundo contemporâneo, passam a um convívio reduzido e a diminuição física da prática de ir e vir comum ao indivíduo. Começa a emergir a seguinte pergunta: quem somos?
Não podemos nos definir apenas pelo que fazemos, porque mesmo distante do querer, as vezes somos obrigados a retirar vestimentas profissionais, nos afastar de hábitos e tantas outras coisas que apenas nos aproximam de uma nova visualização da única certeza que o ser humano possui. E não é da morte que falo, mas de que podemos ser qualquer coisa dentro de uma dada possibilidade. É por essa característica que o ser humano evoluiu.
O confinamento pode ser uma oportunidade. Muitos acham que agora o desenvolvimento deixou de existir mas ao contrário disso, foi na crise que a humanidade evoluiu. Inclusive nas reinvenções individuais. Temos a oportunidade de criar “novas tecnologias” não aquelas físicas, duras ou eletrônicas. Falo das maiores das tecnologias, aquelas que se estendem ao nosso corpo. Nossas emoções, nossa comunicação, nossos afetos, nosso comportamento diante do outro em espaços reduzidos. Esse é o desafio!

Solidão e saúde mental

Há pouco tempo discutíamos como as pessoas haviam se tornado invisíveis para muitos. Agora discutimos como minimante interagir com nossos vizinhos. Não é um caminho para a solidão, mas uma possibilidade de se discutir a solidão. Muitas famílias se reconectaram, uma vez que estavam na mesma casa mas estavam ao mesmo tempo tão longe.
A complexidade dessa discussão é incrível e não cabe apenas nesse pequeno texto, por isso converse sobre isso com os que estão próximo. É claro que a tecnologia tem nos ajudado. Mas agora sabemos que nem ela substitui o contato humano. Por isso, muitos de nós possuem um grande sentimento de solidão. Nós profissionais de saúde além de viver a solidão em nossas casas, por estar longe dos familiares em medida de precaução, ainda temos que ser o filtro das dores de uma doença chamada Covid-19. Lembre-se que somos como um filtro de café algo passa por nós, mas algo fica em nós. Por isso, muitos de nós adoecem. Também é por isso que temos que nos atentar com o isolamento.
Esse nos afeta em casa e no trabalho pois lá, não estamos em posição de lazer e se tem um temor em cada atividade de cuidado. Pelo medo, pela ansiedade, pela depressão e pela solidão temos motivos diversos para nos atentar a esse mal.
Podemos diminuir essas condições do adoecimento da seguinte forma:
  • Diminua o contanto com informações que te deixe ansioso ou angustiado;
  • Busque informações confiáveis, o Portal PEBMED possui ótimas informações sobre Covid-19;
  • Procure medidas para se proteger planejando as ações diárias de forma preventiva;
  • Procure se atualizar-se em horários específicos, o fluxo de informações pode nos levar a ansiedade;
  • Busque o isolamento social e medidas que vão ajudar no processo de resiliência desse processo;
  • Faça atividade física periodicamente;
  • Crie atividades de lazer com os familiares;
  • Utilize as redes sociais para fazer contato com os entes queridos;
  • Faça contanto com pessoas que perdeu contato por impossibilidade do antigo ritmo diário;
  • Estude, afinal as plataformas nos ajudam com essas questões;
  • Faça uma lista das coisas que gostaria de fazer;
  • Faça coisas possíveis para o momento;
  • Desenvolva novas habilidades, se possui dificuldade de falar sobre seus sentimentos por exemplo, é uma grande oportunidade.
Lembre-se de não se referir as pessoas com a doença como casos de Covid-19. Temos uma oportunidade de nos reinventar e nisso se inclui o respeito as famílias e as pessoas que têm Covid-19 ou tiveram suas complicações ou até mesmo as que faleceram. Temos a oportunidade de valorizar não só a nós mesmos, mas todos. É uma oportunidade de humanização da sociedade. Por isso, seja solidário podemos passar melhor se estivermos juntos. Faça contato com seus vizinhos, busque maneiras de ajudar a comunidade, uma delas e realizar suas compras no comércio local por exemplo, ou ajudar aos necessitados. Qualquer medida é possível, apenas é necessário se sentir bem.
Vamos superar esse desafio. Imagens positivas do enfrentamento da doença devem ser compartilhadas todos os dias para nos dar esperança e dar esperança as pessoas. Enquanto profissionais da saúde devemos:
  • Cuidar de si. Utilize estratégias de enfrentamentos como por exemplo: garantir descanso fora dos ambientes de trabalho e durante entre os turnos;
  • Evite o uso de estratégias de enfrentamento que desfavoreçam o enfrentamento positivo, tais como: uso de tabaco, álcool, outras drogas e excesso de alimentos;
  • Não evite a família e a comunidade devido ao estigma do medo, mas utilize métodos digitais;
  • Busque apoio em outros profissionais, colegas de trabalho, gestores, que possuem experiências semelhantes à suas;
  • Saiba como oferecer o suporte a pessoas que necessitem de saúde mental, técnicas erradas podem diminuir a sua saúde mental;
  • Faça rodízio dos trabalhadores nas diversas funções, classificando as de maior estresse para menos estresse;
  • Lembre-se para cuidar de pessoas precisamos nos cuidar em primeiro lugar.
Podemos criar novos hábitos, pode não ser tão ruim a mudança dos hábitos mesmo em um ambiente hostil. Mas cuide-se, não é fácil mudar tão repentinamente. É normal se sentir mal nesse período, ou observar um aumento significativo na ansiedade, afinal temos que transformar a forma e o local na qual despejamos nossa energia. Tudo mudou mas você ainda está ai. Isso é mais importante, você é o mais importante. Por tanto, cuide-se porque isso sim no antigo mundo era deixado em segundo plano por muitos e nesse novo mundo é uma necessidade emergencial.
PESQUISA DE OPINIÃO
ATIVIDADE AVALIATIVA
Confeccione um fôlder explicativo sobre o Novo Coronavírus contendo os seguintes tópicos:
  • O que é?
  • Principais Sintomas
  • Dicas para Prevenção
  • Como lavar as mãos corretamente
  • Importância do isolamento social
Caso tenha dúvidas como confeccionar um fôlder acesse o site abaixo: 

ATIVIDADE PROPOSTA
Construa um paralelo- Noticias Verdadeiras X Fake News
verdadeirofalso
ATIVIDADE EXTRACLASSE
A partir da leitura dos textos motivadores e com base nos conhecimentos construídos ao longo de sua formação, redija texto dissertativo-argumentativo em modalidade escrita formal da língua portuguesa sobre o tema “Os desafios do necessário isolamento social no Brasil em casos de pandemia”, apresentando proposta de intervenção que respeite os direitos humanos. Selecione, organize e relacione, de forma coerente e coesa, argumentos e fatos para defesa de seu ponto de vista.

TEXTO I 

Por que durante a pandemia há recomendação para isolamento social?

Para entendermos isso, precisamos primeiramente entender o conceito de R0, que é o número básico de transmissão, desse modo, quantas pessoas um infectado contaminará. No caso da COVID-19 (CoronaVirus Disease – 19), o R0 básico é estimado entre 2,5 e 3. Dessa forma, para cada pessoa infectada, outras 2,5 a 3 serão infectadas. Isto leva a uma progressão bem rápida, em torno de 60.000 casos em 2 meses, e 14.551.915 em 3 meses. Considerando que a doença seja transmissível no quinto dia pós-contágio. 

Outro problema é que, como se trata de um novo vírus, praticamente toda a população mundial é suscetível à infecção. Como não possuímos vacina (reduziria o número máximo de pessoas que poderiam ser infectadas e reduziria o R0) ou medicamento curativo para a COVID-19, nossa única alternativa é o isolamento social. O isolamento social reduz o R0, pois, cada pessoa, tendo contato com um número menor de outras pessoas, infecta menos pessoas. Com isso, há redução importante na velocidade de propagação da doença e, também, com menos pacientes graves ao mesmo tempo, possibilitando que o sistema de saúde consiga lidar com a chegada de novos casos. 

Se com o isolamento social conseguirmos reduzir o R0 para ao redor de 1, ou seja, se cada infectado contaminar apenas 1 outra pessoa, o sistema de saúde conseguirá lidar de forma muito melhor com a pandemia. Apenas para comparação, o R0 da “gripe suína” (H1N1) antes da vacinação em massa das pessoas era de 1,4 a 1,6. E o sarampo, doença extremamente contagiosa, apresenta um R0 entre 12 e 16, embora haja alguns estudos com valores ao redor de 18.


TEXTO II

“Se não morrer desse vírus, morro de fome”, diz ambulante de 65 anos

“Quer sorvete, meu filho?”, pergunta José Maria, de 65 anos, a todos os pacientes que entram e saem da Unidade de Pronto Atendimento da Lapa, na zona oeste de São Paulo. Abordado pela reportagem, ele ri e diz que está “até cansado” de tanto perguntar a mesma coisa —José trabalha como vendedor de sorvete no estacionamento do hospital há 30 anos. Parte do grupo de risco do covid-19, o vendedor afirma não ter medo de contrair a doença e que não lhe sobram muitas opções senão trabalhar todos os dias. “O que você quer que eu faça? Se não morrer desse vírus, morro de fome. Não posso parar de trabalhar”.

A rotina não envolve apenas contato com pessoas que podem estar infectadas, mas, também, quatro viagens de ônibus por dia: ele sai às 8h de Perus, na zona norte de São Paulo, e chega em casa por volta das 22h. “Pelo menos, por causa desse vírus aí que eu nem sei falar o nome, os ônibus estão vazios. Pego dois para ir e dois para voltar. Quando estão muito cheios, é bastante difícil passar com esse carrinho. Agora, está mais tranquilo”, conta à reportagem. A rotina de Perus até a Lapa acontece de segunda-feira a sábado. Aos domingos, ele conta, José vende tempero baiano no bairro em que mora. “O senhor é baiano, José?”, pergunta o UOL. “Não, sou cearense. Vim para São Paulo em 1976 e nunca mais voltei para o Ceará, acredita?”. O motivo da falta de visita à cidade natal é claro: José perdeu a mãe aos sete anos e, desde então, tudo perdeu a graça. “Se minha mãe fosse viva, ela estaria aqui comigo. Eu teria dado um jeito de trazê-la para cá, pode acreditar. Ela morreu com câncer no seio. Desde então, ficou tudo muito chato. Mesmo depois de me casar e depois de ter um filho” 

O trabalho com vendas de sorvete rende a José, em média, R$ 400 mensais “isso se o tempo estiver bom”. “Quando faz frio, aí já era, ninguém quer comprar. Agora está complicado: por causa desse vírus, as vendas caíram muito. O movimento aqui no hospital, também. Quero só ver como vai ser daqui para frente”, afirma. Por causa disso, o vendedor alterna o local das vendas todos os dias. Fica no hospital até as 14h e, a partir das 15h, faz suas vendas na Rua Cerro Corá, também na Lapa. “Fico andando para lá e para cá na Cerro Corá até a noitinha. Aí tento ganhar mais dinheiro”. Poucos meses atrás, o cearense intercalava a venda de sorvetes —hoje, os sabores que se aninhavam no carrinho eram açaí e graviola—, com o trabalho de pedreiro. No entanto, além de duas lesões no joelho, José descobriu esporão nos dois calcanhares. “A sensação é tipo pisar em um monte de espinho, dói muito. Não consegui mais trabalhar em obra”. Para caminhar, ele investiu R$ 65 reais em um chinelo de borracha, ao qual ele acoplou um saltinho de plástico, na tentativa de amenizar a dor. “A gente vai dando um jeito, né, só não pode parar”.


TEXTO III

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