domingo, 20 de março de 2022

Nós e os outros



Conhecer as diferentes formas de viver, agir e pensar dos diversos povos e grupos é muito interessante. Comparar a nossa forma de viver com culturas diferentes nos ajuda a compreender melhor a nossa própria cultura. Vamos então falar um pouco mais sobre isso? Escrevendo sobre a diversidade cultural, o antropólogo Roque de Barros Laraia faz as seguintes comparações:

Qualquer um dos leitores que quiser constatar, uma vez mais, a existência dessas diferenças não necessita retornar ao passado, nem mesmo empreender uma difícil viagem a um grupo indígena, localizado nos confins da floresta amazônica ou em uma distante ilha do Pacífico. Basta comparar os costumes de nossos contemporâneos que vivem no chamado mundo civilizado.

Esta comparação pode começar pelo sentido do trânsito na Inglaterra, que segue a mão esquerda; pelos hábitos culinários franceses, onde rãs, e escargots (capazes de causar repulsa a muitos povos) são considerados como iguarias, até outros usos e costumes que chamam a atenção para as diferenças culturais.

No Japão, por exemplo, era costume que o devedor insolvente praticasse o suicídio na véspera do ano-novo, como uma maneira de limpar o seu nome e o de sua família. O haraquiri (suicídio ritual) sempre foi considerado como uma forma de heroísmo. Tal costume justificou o aparecimento dos ‘pilotos suicidas’ durante a Segunda Guerra Mundial [...[

A carne de boi é interditada aos hindus, da mesma forma que a de porco é interditada aos muçulmanos. [...]

Não é necessário ir tão longe, nesta sequência de exemplos que poderia se estender infinitamente; basta verificar que em algumas regiões do Norte do Brasil a gravidez é considerada uma enfermidade, e o ato de parir é denominado ‘descansar’. Esta mesmo palavra é utilizada, no Sul do país, para se referir à morte (fulano descansou, isto é, morreu). Ainda entre nós, existe uma diversidade de interdições alimentares que consideram perigoso o consumo conjunto de certos alimentos que isoladamente são inofensivos, como a manga com leite etc.

LARAIA, Roque de Barros. Cultura um conceito antropológico. 23. Ed. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Ed, 2009. p. 15-16.


Percebeu a variedade de formas de viver, agir e pensar? Conhecer culturas diferentes das nossas leva-nos a perceber que a nossa forma de viver é apenas uma entre diversas culturas nos diferentes países ou até mesmo dentre de um mesmo país. Olhar a cultura do outro faz com que olhemos para nossa própria cultura e notemos que a nossa forma de ver o mundo é apenas uma entre milhares possíveis.

A nossa cultura dá significado para as nossas ações, ou seja, nos fornece modelos de comportamento. Os valores, normas e padrões sociais influenciam a forma como pensamos e compreendemos o mundo a nossa volta. Podemos dizer que a cultura é como uma lente através da qual o homem vê o mundo. Bom, se existem diversas culturas logo há diferentes lentes, ou seja, diferentes formas de ver o mundo.

O problema é que acabamos olhando a cultura do outro a partir de nossas próprias lentes. Isso quer dizer que, quando conhecemos uma forma de viver diferente da nossa, tendemos a achá-la “estranha”, “fora do normal” e até mesmo incorreta. A atitude de julgar os outros pelo nosso próprio ponto de vista, tomando a própria cultura como a correta chama-se etnocentrismo. O etnocentrismo faz com que julguemos a cultura do outro como fora do padrão e consideremos somente a nossa própria cultura, ou a nossa forma de viver como a “normal”. A atitude etnocêntrica acaba levando ao preconceito e a intolerância já que nos impede de compreender que a nossa forma de pensar e viver é apenas uma entre milhares e que todas estão corretas por mais que, de nossas lentes ou do nosso ponto de vista, possa parecer diferente.

É natural que achemos estranho o que não nos é familiar e não faz parte da nossa cultura. Porém, é importante que vejamos a cultura do outro como uma forma diferente de ver o mundo, tão correta como a nossa. Atualmente, infelizmente, vivenciamos em nossa sociedade várias situações de intolerância com a forma de viver, agir e pensar do outro que leva ao preconceito, discriminação e até mesmo a violência. Um exemplo, são os casos de violência contra homossexuais que sofrem com a intolerância daqueles que não respeitam os que tem opções e ações diferentes da sua. Outro exemplo de uma atitude etnocêntrica é também a intolerância religiosa. Devemos evitar o etnocentrismo que leva a intolerância, ao preconceito e a discriminação e respeitar as diferenças e as diversas formas de ver o mundo!



Ao olhar para uma cultura diferente da nossa, é preciso compreender o ponto de vista do outro a partir da sua própria cultura, da sua própria forma de pensar e ver o mundo do outro e não da nossa. Chamamos esta atitude de relativismo cultural, quando percebemos que os pontos de vista são relativos ao contexto cultural, ou seja, dependem da cultura a qual o indivíduo faz parte.

ATIVIDADE PROPOSTA

Após ler o texto realize a atividade abaixo. Para resolvê-la leia as orientações com atenção. Não esqueça de colocar seu nome completo na atividade. Ao terminar click em “Finish” (finalizar). Depois selecione “Enviar as minhas respostas ao professor” e mandar para o e-mail: angela.boscardin@gmail.com

Veja na foto abaixo como fazer:

fonte: https://cediumamadeira.wixsite.com/cediuma/autorreguladas
http://www.ead.uepb.edu.br/arquivos/cursos/Geografia_PAR_UAB/Fasciculos%20%20Material/Estudos_Contemporaneos_Cultura/Est_C_C_A15_J_GR_260508.pdf