"Poderia haver maior milagre do que olharmos com os olhos do outro por um instante?"
– Henry David Thoreau
Alguém duvida de que calçar os sapatos do outro pode ser transformador aos negócios? A importância da empatia no mundo dos negócios é um tema recorrente na discussão sobre os desafios do oscilante cenário do mercado atual.
Dividiremos esse tema em três posts para que possamos explorá-lo com maior desenvoltura. Neste post discutiremos o que é a empatia e a sua presença na atualidade.
O que é empatia?
“Calçar os sapatos do outro” é uma expressão que traduz muito bem o que a empatia significa - que é a capacidade de alguém se colocar no lugar do próximo e sentir as suas emoções, sejam elas positivas ou negativas. Empatia é definida como a capacidade de se identificar com outra pessoa, de sentir o que ela sente, de querer o que ela quer, de aprender do modo como ela aprende.
Para a sociologia, a empatia é uma forma de cognição do ‘eu social’ mediante três aptidões: para se ver do ponto de vista do outro, para ver o outro do ponto de vista de um terceiro ou para ver os outros do ponto de vista deles mesmos.
A ciência por trás da empatia
A descoberta dos neurônios-espelho, em meados dos anos 90, tem modificado o modo como pensamos sobre nós mesmos, e tem sido considerada um dos achados mais importantes sobre a evolução do cérebro humano.
Espalhados por partes fundamentais do cérebro, os neurônios agem quando realizamos uma ação e também quando observamos alguém realizá-la. Essas células disparam em resposta a cadeias de ações.
Este é o caso, por exemplo, de um bebê que começa a chorar porque um outro bebê perto dele está chorando. Ou o caso do riso, que se espalha em um grupo mesmo que as pessoas não estejam conscientes de porque os outros estão rindo.
Se você vir alguém emocionalmente aflito por alguma razão, os neurônios-espelho do seu cérebro irão simular aflição. Automaticamente, você sente empatia pelo outro porque, literalmente, sente o que ele está sentindo.
A lógica da psicologia, por sua vez, conclui que empatia é um processo de identificação no qual o sujeito se coloca no lugar do outro e, assim, com base em suas próprias suposições ou impressões, tenta compreender o seu comportamento. Faz parte de uma inteligência emocional profunda. A empatia permite àqueles que a possuem ver o mundo através dos olhos dos outros e entender suas perspectivas de forma única.
É bom observar que a empatia tampouco é o mesmo que aquela regra de ouro que diz “Faça aos outros o que gostaria que eles fizessem a você”. Tal recomendação pressupõe que seus próprios interesses coincidem com os dos outros.
Uma citação de um dramaturgo e romancista irlandês ilustra bem essa observação. Ele diz: “Não faça aos outros o que gostaria que eles lhe fizessem – eles podem ter gostos diferentes dos seus.” E é exatamente isso. A empatia é uma questão de descobrir esses gostos diferentes.
Empatia x Simpatia
Embora parecidos, esses termos têm significados diferentes e devem ser usados em situações diferentes. Apesar de ambos contribuírem para um bom desenvolvimento das relações humanas, seus conceitos são distintos.
Enquanto a simpatia envolve a inclinação para o pensar ou sentir de forma semelhante, a empatia depende de mecanismos como capacidade de entendimento, projeção; um processo de identificação. É ver o que o outro vê; é pensar o que o outro pensa; é sentir o que o outro sente. Ao contrário da simpatia, a empatia requer tempo e consideração.
A empatia no mundo
Brené Brown é uma renomada pesquisadora da Universidade de Houston que estuda as relações humanas. Em uma palestra no TEDxHouston de 2010, a pesquisadora comenta um estudo de Theresa Weiseman, uma estudante de enfermagem que pesquisou variadas profissões nas quais a empatia é relevante. Ela levantou quatro pilares:
- O primeiro deles é a tomada de perspectiva, ou seja, a habilidade de tomar ou reconhecer a perspectiva da pessoa como verdadeira;
- O segundo, diretamente ligado ao primeiro, é a ausência de julgamento, o que é muito complicado: atire a primeira pedra que nunca o fez!;
- O terceiro pilar é o reconhecimento das emoções em outras pessoas;
- E, por fim -- mas não menos importante -- a comunicação dessas emoções.
A relevância desse tema é tamanha que, em setembro do ano passado, foi aberto em Londres o Museu da Empatia, o primeiro do mundo. Nesse museu, os visitantes encontram um espaço onde podem se colocar no lugar de outras pessoas e ver o mundo através dos olhos delas. O objetivo é desenvolver mais empatia e criar uma revolução global através das relações humanas.
A experiência no museu começa com o visitante informando o tamanho do seu sapato para em seguida receber os calçados de outra pessoa. Ele deve andar por cerca de um quilômetro e meio neles e, enquanto caminha nos pés de outra pessoa, o visitante escuta um áudio em um Ipod com a história do dono do sapato, como se fosse uma conversa com alguém que não está lá e vai descrever o mundo segundo a própria visão.
Já em Nova Iorque acontece mensalmente a Applied Empathy, reunião na qual indivíduos de diferentes áreas são convidados a discutir com a plateia as diferentes formas como incorporam a empatia em suas vidas pessoais e profissionais. Um outro exemplo vem do Departamento de Artes da universidade de Stanford, na Califórnia, que promoveu entre agosto do ano passado e janeiro deste ano, uma exposição dedicada à empatia, representada através do olhar do Budismo, Cristianismo, Iluminismo e fotografias da era dos Direitos Humanos. É grande o número de eventos, sites e livros relacionados ao tema. Fonte: https://blog.mjv.com.br/o-poder-da-empatia
ATIVIDADE PROPOSTA
A partir da leitura dos Textos Motivadores e com base nos conhecimentos construídos ao longo de sua formação, redija um texto dissertativo-argumentativo em modalidade escrita formal da língua portuguesa sobre o tema “É POSSÍVEL TER EMPATIA NOS DIAS ATUAIS?”, apresentando proposta de intervenção que respeite os direitos humanos. Selecione, organize e relacione, de forma coerente e coesa, argumentos e fatos para defesa de seu ponto de vista.
Você tem crises de ansiedade com certa frequência? Caso a resposta seja sim, saiba que você não está sozinho: a ansiedade é considerada um dos grandes males do século XXI.
De acordo com a OMS, nos últimos 15 anos houve um aumento expressivo na frequência de transtornos relacionados a este sintoma em todo o mundo, com o Brasil na liderança do ranking.
É comum nos perguntarmos se o ser humano não é por natureza ansioso. Em primeiro lugar, é importante ter em mente que certa dose de ansiedade não é por si só um problema. Reagir a situações de estresse ou perigo sempre teve um caráter protetor para nós seres humanos.
No entanto, viver uma preocupação frequente e demasiada com as diversas situações do cotidiano que enfrentamos em nossa vida, acompanhada de estresse e tensões contínuas, traz consequências terríveis para o nosso bem-estar e a nossa rotina. É sobre essa tendência, cada vez mais frequente na sociedade atual, que falaremos nos tópicos a seguir.
O difícil quebra-cabeça da ansiedade
Ansiedade é, acima de tudo, um tema de grande complexidade, já que suas causas, sintomas e consequências costumam variar de acordo com as particularidades de cada indivíduo.
Ao longo da última década, novas variáveis passaram a ser objeto de investigação como possíveis exercedores de pressão sobre a mente humana: o uso de smartphones, as redes sociais, o excesso de informações, o crescimento do bullying na sociedade...
Com o objetivo de tentar desvendar esse quebra-cabeça, a MindMiners realizou um estudo com 550 pessoas espalhadas por todo o Brasil, de todas as classes sociais e faixas etárias. Vamos desbravar os principais resultados a seguir?
Sim, de fato vivemos uma crise de ansiedade
E quem sofre mais com crises de ansiedade?
Ao analisarmos os resultados de acordo com o perfil dos respondentes, chegamos à seguinte conclusão: as mulheres e os mais jovens sofrem muito mais de ansiedade. E por que isso ocorre? Ao longo do report, tocaremos em diversas questões que nos levarão a possíveis respostas!
O surto de ansiedade no século XXI tem portanto caráter global e vem suscitando diversos debates ao redor do mundo. A seguir, investigaremos alguns tópicos que atingem o ser humano no mundo atual, independentemente do local em que vivemos.
Família e relacionamentos: quando o amor é fonte de estresse
Vamos agora falar sobre um tema também muito atual que vem gerando polêmica e muitas vezes tem sido considerada uma das principais causas da crise de ansiedade no século XXI: o uso excessivo de tecnologia.Viramos marionetes da tecnologia?
Segundo estudo realizado há três anos pela Dscout, uma pessoa interage, em média, 2.617 vezes ao dia com seu smartphone, divididas em 76 momentos. Entre os 10% que mais usam o aparelho, a média de toques chega a dobrar: 5.427 por dia, distribuídas em 132 sessões.
Apenas esse dado assombroso já é suficiente para chamar a atenção sobre o impacto que o uso excessivo de tecnologia causa no nosso nível de ansiedade no dia a dia. Com um número de interações desse tamanho, é de se imaginar a frequência de interrupções em outras atividades do cotidiano.
Os números a seguir mostram que uma parcela considerável das pessoas têm consciência disso. Apenas uma pequena minoria discorda, por exemplo, que passa mais tempo do que deveria no celular e nas redes sociais e que a produtividade aumentaria sem o aparelho por perto.
É importante notar que entre os jovens e entre pessoas com grau mais alto de ansiedade, as taxas de concordância disparam. No entanto, chama a atenção que mesmo entre pessoas com mais de 40 anos, que muitas vezes só aderiram à tecnologia recentemente, os percentuais também são bastante altos.
Agitação durante o dia e durante a noite
Se não bastassem os efeitos durante o dia, nosso sono também tem sido prejudicado pelo uso excessivo de tecnologia. Diversos estudos já realizados comprovaram que a exposição durante a noite à luz azul, presente em celulares e tablets, inibe a produção de melatonina, hormônio essencial para uma boa noite de sono. Adolescentes que passam mais de quatro horas por dia utilizando dispositivos eletrônicos demoram, em média, 30 minutos a mais para dormir.
Os resultados da nossa pesquisa mostram que usar o celular antes de dormir é uma prática comum para 3/4 dos respondentes. 67% dos respondentes ainda concordaram com a afirmação de que a primeira atividade ao acordar é mexer no celular. Fica difícil ter uma noite perfeita de sono diante desse cenário.
Se for muito difícil largar o celular antes de dormir, vai uma dica: prefira deixar o quarto aceso enquanto mexe no aparelho. Mexer em eletrônicos com a luz apagada aumenta em 147% a chance de uma noite mal dormida, enquanto mexer com a luz acesa amplia em "apenas" 31% o risco.
Quando estamos concentrados numa atividade de trabalho e o celular apita, muitas vezes nos sentimos compelidos a abrir a notificação, seja ela do Whatsapp, Facebook ou Instagram: sentimos que temos que ler a mensagem naquele exato momento, senão podemos estar perdendo algo.
O mesmo vale para aquele restaurante incrível ou paisagem deslumbrante que algum amigo postou foto no Instagram, os memes que estão circulando por aí e com certeza serão assunto no bar da sexta-feira ou aquele convite para um evento que não tem nada a ver com nossos interesses, mas como todo mundo vai, fica chato não ir.
Estamos falando sobre o FOMO ou Fear of Missing Out, que sinaliza o medo de ficar por fora do que está acontecendo e é um dos principais fatores que nos estimula a permanecer hiperconectados. Os resultados abaixo confirmam essa tendência
2/3 dos respondentes afirmaram que as marcas contribuem para o aumento da ansiedade na sociedade. Além do estímulo ao consumo e ao bombardeio de informações já citados, o estabelecimento de padrões, sejam relacionados à beleza, a um estilo de vida ou outra questão, foram bastante apontados pelos respondentes. Também chama a atenção o alto número de pessoas que sente uma diminuição momentânea da ansiedade após comprar algo e que conhece ao menos alguém que sofre de consumo compulsivo.
Ainda de acordo com os resultados, as mulheres sofrem muito mais com os padrões sociais impostos e com o consumo excessivo. Inclusive, uma parcela considerável afirma que a propensão a consumir produtos como roupas e produtos de beleza aumenta em períodos de maior ansiedade.
Como você se olha no espelho?
Já que tocamos na questão dos padrões de beleza, é importante destacar também que a relação com o próprio corpo pode ser uma das maiores fontes de angústia de qualquer ser humano. Quase metade dos respondentes considera seu corpo pouco atraente e um grande percentual de pessoas tem grande preocupação em saber se é considerado atraente pelos outros.
É impressionante também como os percentuais disparam quando analisamos apenas as pessoas com alto grau de ansiedade. Além disso, jovens, mulheres e solteiros são os grupos que mais sofrem com essas questões.
Não é a toa que distúrbios relacionados à busca por padrões estéticos, como anorexia, bulimia e vigorexia têm crescido bastante. Felizmente, cada vez mais a mídia e as marcas têm abordado o tema sob diferentes perspectivas, procurando uma maior valorização da auto estima e da diversidade, principalmente entre mulheres.
A campanha pela Real Beleza produzida pela Dove, em 2004, foi uma das primeiras a tocar no tema e fez grande sucesso na época ao inspirar as mulheres a construir uma autoestima positiva e revelar a beleza em diferentes maneiras. Já em 2013, novo vídeo da marca sobre o assunto viralizou e se tornou um dos vídeos mais vistos da história.
E qual o impacto desse tipo de abordagem sobre a sociedade? De acordo com estudos realizados pela psicóloga de Harvard, Nancy Etcoff, campanhas do tipo tem grande poder sobre a sociedade e contribuíram, por exemplo, para que as mulheres passassem a definir a beleza em uma ampla gama de qualidades que vão muito além dos olhares.
Como as pessoas lidam com a ansiedade?
Não menos importante do que entender as causas da ansiedade é entender como as pessoas lidam com os sintomas que a acompanham. Nem sempre é fácil lidar com o tema e a falta de um tratamento adequado pode piorar os sintomas ou até mesmo trazer graves consequências colaterais em outras questões.
A tendência ao isolamento
Quando perguntados sobre o que fazem para tentar diminuir o nível de ansiedade e estresse no dia a dia, os respondentes deram uma grande variedade de respostas, com destaque para ouvir música, respirar, meditar, assistir filmes e dormir. Interessante notar que são em grande parte atividades realizadas a sós, sem a presença de uma companhia. Isso também está relacionado com a dificuldade das pessoas se abrirem sobre suas angústias: apenas 15% dos respondentes afirmou que se abre muito com alguém quando tem uma crise de ansiedade ou estresse.
Outros resultados reforçam que pessoas com elevado grau de ansiedade de fato tendem a isolar-se ainda mais. Apresentamos uma bateria de pares de atividades e cada respondente deveria assinalar aquela que preferia. A comparação entre pessoas com médio/alto grau de ansiedade e aquelas com baixo grau de ansiedade trouxe diferenças relevantes, sinalizando uma relação entre elevada ansiedade e preferência por atividades mais solitárias, como dormir e jogar games.
Tabus ainda prejudicam um tratamento adequado?
A falta de procura por ajuda profissional também é preocupante, já que o número de pessoas que frequenta um terapeuta é baixa mesmo entre aqueles respondentes de alta renda. O resultado de certa forma não surpreende, dado que fazer terapia ainda é visto como "coisa de louco" por muita gente.
Ao mesmo tempo, 1/3 das pessoas já tomou algum medicamento contra a ansiedade e dentro deste grupo, em torno de 1/5 das pessoas se automedicou. Trata-se de um dado alarmante, visto que medicamentos do tipo costumam ser extremamente fortes e eventualmente causar efeitos colaterais.
O consumo de produtos naturais, representado principalmente por diferentes tipos de chá, também se faz presente em 1/3 dos entrevistados e parece ser mais eficiente devido aos menores efeitos colaterais.
Se não bastasse, mais da metade dos respondentes diz que aumenta o consumo de alimentos quando está se sentindo ansioso. Esse aumento se reflete principalmente num maior consumo de doces e vem acompanhado de um sentimento de culpa em seguida. Mais uma vez, chama a atenção as maiores incidências desse tipo de comportamento entre as mulheres e os jovens.
Por fim, também preocupa o fato de 1/5% dos respondentes afirmarem que consomem mais bebidas alcoólicas quando têm alguma crise de ansiedade. O álcool muitas vezes serve de escape da realidade a ajuda as pessoas a se sentirem mais confortáveis em situações sociais, porém trata-se de um alívio temporário, que em nada muda o quadro clínico da pessoa e ainda traz outros efeitos danosos para a saúde.
Métodos alternativos: a tecnologia, novamente
Por fim, é interessante observar o crescimento de métodos alternativos no combate à ansiedade, como a meditação, yoga, slime, quiropraxia, entre outros. Em linhas gerais, os respondentes se mostram satisfeitos com os resultados, principalmente no caso da meditação e da respiração.
Ao mesmo tempo, muitas vezes esse tipo de prática se dá por meio de aplicativos ou vídeos disponíveis na internet. Vídeos relacionados a ASMR, slime e quiropraxia atingem milhões de visualizações no YouTube, enquanto apps de meditação batem recordes de download.
Esse cenário levanta uma questão: até que ponto isso não pode nos deixar ainda mais reféns da tecnologia? Sendo ela uma das causas de nossa ansiedade cotidiana, não seria contraditório utilizá-la como ferramenta para tentar resolver o problema?
O mesmo vale para os livros de auto-ajuda. É inegável o sucesso da categoria e que esse tipo de abordagem pode realmente funcionar para algumas pessoas. Mas ao oferecerem manuais de como devemos nos comportar e agir, não estariam também exercendo apenas mais um tipo de pressão sobre a forma com que regemos a nossa vida?
O problema é quando os sintomas aparecem sem motivo aparente e são constantes — medo, inquietação, irritabilidade, taquicardia, falta de ar e aumento da pressão são sinais de ansiedade patológica. O problema atinge 33% da população, segundo a Organização Mundial de Saúde, e 4 em cada dez brasileiros, de acordo com o Instituto de Pesquisa e Orientação da Mente (Ipom).
Nomofobia é o medo irracional de estar sem celular ou aparelhos eletrônicos no geral.
Ela está relacionada ao vício em outras tecnologias como computadores e videogames. Ou seja, quanto maior a dependência digital, maior a fobia.
Sendo assim, considerando que a OMS define a adicção como doença, a dependência digital e a nomofobia são doenças relativamente recentes, que surgiram pelas mudanças e avanços tecnológicos da/na sociedade.
As novas tecnologias tornaram a comunicação entre indivíduos tão fácil quanto o aperto de um ou dois botões. A facilidade de entrar em contato com outras pessoas e, ao mesmo tempo, de estar ao alcance delas traz inúmeras consequências, tanto positivas quanto negativas.
Desde o avanço da telefonia móvel o celular se converteu em um aparato praticamente indispensável na vida das pessoas. A proporção de usuários de celular é pelo menos três vezes maior que a de usuários de internet e cinco vezes maior que usuários de televisão.
Segundo pesquisa, 138,3 milhões de brasileiros, ou 77,1% da população com 10 anos ou mais de idade, tinham celular próprio no fim de 2016 (PNAD Contínua, do IBGE). O acesso à tecnologia móvel avança mais rápido do que a universalização do saneamento básico, segundo a mesma pesquisa.
A posse do celular é maior entre os jovens de 25 a 34 anos, faixa em que a penetração é de 88,6%. Quanto maior a idade, menor a proporção, chegando a 60,9% na população com 60 anos ou mais.
Segundo o diretor do departamento de banda larga do Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações do Brasil, Artur Coimbra, o percentual de acesso móvel entre os jovens é compatível com o verificado em países desenvolvidos.
No caso da nomofobia, o receio de ficar incomunicável é explicado pelos pacientes que acodem aos serviços para tratar a disfunção.
A principal alegação deles para não ficarem momento algum sem o aparelho celular, por exemplo, é dizer que podem passar mal na rua e, sem contato, ficariam sem socorro.
Nesses casos podemos fazer um paralelo: imagine um usuário de drogas na hora em que ele pensa em ficar sem a droga. Ele apresentará sintomas tais como: taquicardia, sudorese, irritabilidade, impaciência, pânico. Segundo os médicos e outros especialistas da área, ocorre o mesmo com quem possui o vício do celular.
E não são poucas as pessoas que apresentam atualmente esta condição.
Apesar de ser tênue a linha que separa a dependência do uso excessivo (abusivo), podemos identificar que muitas pessoas tem demonstrado o nível de maior comprometimento do chamado vicio digital.
Segundo o levantamento de pesquisas, 176 milhões de pessoas no mundo são viciadas em tecnologia.
Como enfrentar a nomofobia?
Um estudo feito na Universidade Técnica de Ambato – Equador, concluiu que a nomofobia afeta significantemente o processo de ensino-aprendizagem da população pesquisada.
O trabalho concluiu que os estudantes sentem ansiedade e medo quando não estão com seus celulares e observam frequentemente seus aparelhos durante a aula, ansiosos por mensagens.
Outro estudo, também na cidade de Ambato, constatou a incidência da nomofobia nas relações socioafetivas de jovens entre 17 e 21 anos, concluindo que a maior porcentagem desses jovens consideram o celular uma necessidade básica para se relacionarem, deixando de lado as relações pessoais.
Constatou também que o apego ao celular chega a ser maior do que o apego pelos familiares, tornando assim mais comuns os problemas com a família e de comunicação, já que os pais passam muito tempo trabalhando enquanto os filhos ficam sós dedicando o tempo à tecnologia e não ao estudo.
Ambos os trabalhos sugerem ações de enfrentamento a essa dependência. A segunda pesquisa, citada acima, pode ser conferida na íntegra aqui.
Há uma estimativa que atualmente no Brasil 10% dos brasileiros sofrem com esse mal e com a velocidade com que a internet chega aos lares esse número tende a aumentar ainda mais.
Os usuários vão se distraindo pelas facilidades que os aparelhos celulares têm e vão esquecendo como controlar o tempo gasto nas redes sociais.
A gravidade do problema está levando a uma mobilização mundial em busca de soluções.
Uma das frentes foi recentemente em 18 de junho deste ano o reconhecimento do distúrbio de jogo no Código Internacional de Doenças, o chamado CID que está em sua décima primeira versão.
Esse distúrbio é caracterizado por um padrão de comportamento persistente ou recorrente de jogos (“jogos digitais” ou “videogames”), que podem ser online (ou seja, pela internet) ou off-line.
Há vários critérios para identificar este problema. Mas o foco para a psiquiatria neste momento é que através desta frente os especialistas estão cada vez mais empenhados em dar foco ao problema mais geral que é a chamada nomofobia. Pois o distúrbio de jogo é apenas uma faceta da questão.
Será que tenho nomofobia?
Para você saber se está exagerando ou não no uso do celular preste atenção nos seguintes sinais:
Checar o celular a cada dois minutos, de forma obsessiva;
Ter a impressão de que a toda hora o celular está tocando ou vibrando;
Em casos mais extremos, sintomas de abstinência na falta do aparelho, como taquicardia e sudorese;
Mentir sobre o tempo que gasta no celular;
Ficar com o humor alterado e apresentar irritação sempre quando o sinal da internet desaparece;
Ter o trabalho e as relações familiares ou com amigos em risco pelo uso excessivo do celular;
Tentar diminuir o tempo na internet sem qualquer êxito.
Quais os reais benefícios do uso de celular?
Em contrapartida, um estudo do curso de Especialização em Fundamentos da Educação da Universidade Estadual da Paraíba, constatou que o uso pedagógico do celular pode ser uma ferramenta a mais no processo de ensino-aprendizagem.
Destacam que a escola deve acompanhar as mudanças da sociedade e desenvolver práticas que estejam de acordo com essas mudanças. Eles também discutiram os malefícios do uso indevido do celular, mas de forma diferente.
Em vez de um discurso taxativo, incentivaram os próprios alunos a pesquisarem sobre a nomofobia utilizando a internet de seus próprios celulares.
Constataram que os alunos puderam argumentar com propriedade essa questão, concluindo assim que o uso do celular para esse fim foi eficaz.
Existe, então, uma diferença entre quantidade e qualidade do uso desses aparelhos, afinal, um web designer ou programador utiliza muito mais o computador do que um médico no consultório.
Hoje em dia não é raro vermos reportagens sobre este tema. Casos de internações (junto com dependentes químicos) e até mesmo mortes ocasionadas pela dependência digital. Drogas usadas para concentração no videogame (metanfetaminas) etc.
Como ajudar os filhos a usarem a tecnologia de forma saudável?
Apesar de ser um assunto relativamente novo, comparando com a Dependência Química podemos encontrar conceitos já conhecidos há mais tempo. Seria a nomofobia um tipo de abstinência?
Pode ocorrer que a dependência virtual esteja associada ainda a outros transtornos psiquiátricos como depressão, fobia social, transtorno bipolar do humor e déficit de atenção e hiperatividade.
Por isso é importante que a pessoa que se identifica com muitos desses sinais procure ajuda ou, ainda, que os familiares e amigos possam auxiliar na identificação do problema para que ele seja sanado. Nos casos mais graves já é previsto, inclusive, a necessidade de internação voluntária.
E os pais e responsáveis também devem ficar atentos, pois, segundo uma pesquisa de uma Universidade de Nova Yorque, 18% das crianças são viciadas em celular. Por isso é importante estabelecer tempo de conexão e verificar o conteúdo que os pequenos estão acessando.
Além dos problemas que envolvem o distanciamento dos laços afetivos reais, as interações presenciais, o comprometimento da produtividade e atenção no trabalho, ainda podemos somar os problemas ortopédicos que o excesso de tempo ao celular provocam.
Vão de dores musculares na coluna lombar e no pescoço, dores nas mãos e nos polegares, também desenvolvem desgaste e artrose.
Tudo isso associado ao estilo de vida sedentário da maioria das pessoas que desenvolve vício da tecnologia pode ser um combo bastante prejudicial à saúde.
Cuidado, você pode estar começando a perder o controle do uso de seu aparelho.
• 8 À 11 RESPOSTAS MARCADAS:
É possível que o uso excessivo do celular já esteja lhe causando problemas. Considere buscar ajuda profissional.
• 12 À 17 RESPOSTAS MARCADAS:
Você perdeu o controle do uso de celular em sua vida, e isto pode lhe causar sérios problemas de interação social, prejuízos acadêmicos e profissionais, assim como em relações interpessoais. Procure ajuda de um profissional imediatamente.