- O carnaval ou “os carnavais”?
O carnaval é uma construção social, é próprio à cultura. Cada cultura não tem o carnaval. E quando duas culturas tem o costume fazer o carnaval, este evento não vai ser, necessariamente, da mesma forma. Por exemplo, na França existe o carnaval. Porém, não se pode comparar com o carnaval do Brasil. Primeiro, na França, o carnaval é principalmente para as crianças. Quase não existem adultos ou jovens fantasiados por aqui. E o carnaval acontece um dia na semana, no turno da tarde.
Também, dentro do Brasil, o carnaval é diferente em função da cidade. Por exemplo, o carnaval do Rio de Janeiro não acontece da mesma maneira que em Salvador.
- O carnaval, o povo misturado?
Percebi que geralmente, no Brasil, os mais ricos fazem festas de um lado e os mais pobres de outro. Estes dois mundos não querem muito se compartilhar. Como falei neste outro artigo, segundo o que penso, existem dois tipos de Brasil. Porém, durante o carnaval, todo mundo sai às ruas. Durante o carnaval, parece que existe somente um Brasil. Podemos falar do carnaval como um evento onde existe um único povo misturado? Aonde as desigualdades estão afastadas ao menos durante um momento?
- O Sambódromo do Rio de Janeiro, um espaço elitista?
Neste ambiente, vejo que as desigualdades não se afastam totalmente. Por exemplo, o carnaval, incrível, no Sambódromo, fica reservado, somente, para uma pequena parte da população. Quem são os indivíduos que podem assistir a este “show”, são as pessoas que tem bastante dinheiro. Então, durante o carnaval, existe um meio de não se confrontar com o povo.
- Uma política do pão e circo?
Em 2016, cada escola de samba do grupo especial do Rio de Janeiro recebeu do município o valor de R$ 2 Milhões de reais. Sendo tão grande e importante, o carnaval precisa de muito dinheiro. Por isso, vale lembrar que muitos municípios brasileiros, menores que o Rio de Janeiro, já decidiram que não terão Carnaval, e suas prefeituras passarão as verbas destinadas ao Carnaval para a educação ou à saúde de sua população.
- A maior manifestação da cultura do Brasil?
São muitos os que acham que SIM é a resposta para a pergunta feita acima. Você também? O carnaval demonstra traços do povo brasileiro: alegre, sorridente, festeiro. O carnaval brasileiro é famoso no mundo inteiro, é uma referência em termo de carnaval. Durante alguns dias, as Mídias mundiais repercutem o que ocorre no país, mostram a alegria que está acontecendo no Brasil. Podemos falar sim, da maior manifestação da cultura do Brasil.
- Então isso significa que no carnaval só não vai quem já morreu?
Famosa frase presente no refrão do samba-enredo de 1994 da Mangueira “Atrás da verde e rosa só não vai quem já morreu”, pode ser aqui, generalizada.
No Brasil quem não gosta de carnaval é, muitas vezes, visto como um estranho. Howard S. Becker falaria do indivíduo que não gosta do carnaval como um “outsider”.
É um momento esperado por muitos, e é sim uma época de alegria, existindo inclusive aquela idéia de que tudo pode, pois é carnaval. Parece que as normas sociais estão diferentes durante o carnaval. Por exemplo, em tempo de carnaval você faria as mesmas coisas que no tempo fora do carnaval?
- A beleza do carnaval
O carnaval acaba escondendo muita coisa. De um lado, muitos problemas sociais por trás dos sorrisos e músicas envolventes. Porém, de outro, muitas pessoas de outros países vêem para acompanhar, conhecer. Isso acaba trazendo recursos para o país. Tanto para os cofres públicos, quanto para o “tiozinho” que vende latão de cerveja na praia. Outra coisa boa do carnaval, e que não pode ser esquecida, é a alegria dos brasileiros, alegria esta que seria algo bastante positivo se fosse preservada não só no carnaval, mas em todo o ano.
Então, o carnaval tem pontos positivos e negativos. Você é livre para ter a sua própria opinião. Não estamos aqui para falar que o carnaval é uma coisa boa ou ruim. Estamos aqui para falar do carnaval como uma realidade social.
Assim a frase da roteirista Adriana Falcão “alegria é um bloco de carnaval que não liga se não é fevereiro…”, faria ainda mais sentido.
Enfim, uma coisa certa é que desejamos para você um feliz carnaval!
ATIVIDADE PROPOSTA
O carnaval como símbolo da nacionalidade brasileira no século XXI
ATIVIDADE PROPOSTA
O carnaval como símbolo da nacionalidade brasileira no século XXI
A partir da leitura dos textos motivadores
seguintes e com base nos conhecimentos construídos ao longo de sua
formação, redija um texto dissertativo-argumentativo na modalidade
escrita formal da língua portuguesa sobre o tema: O carnaval como símbolo da nacionalidade brasileira no século XXI Apresente
proposta de intervenção que respeite os direitos humanos. Selecione,
organize e relacione, de forma coerente e coesa, argumentos e fatos para
defesa de seu ponto de vista.
TEXTO I
A história do carnaval no Brasil iniciou-se no período colonial. Uma das primeiras manifestações carnavalescas foi o entrudo, uma festa de origem portuguesa que, na colônia, era praticada pelos escravos.Por volta de meados do século XIX, no Rio de Janeiro, a prática do entrudo passou a ser criminalizada, principalmente após uma campanha contra a manifestação popular veiculada pela imprensa. Enquanto o entrudo era reprimido nas ruas, a elite do Império criava os bailes de carnaval em clubes e teatros. No entrudo, não havia músicas, ao contrário dos bailes da capital imperial, onde eram tocadas principalmente as polcas.
As marchinhas de carnaval surgiram também no século XIX, cujo nome originário mais conhecido é o de Chiquinha Gonzaga, bem como sua música OAbre-alas. O samba somente surgiria por volta da década de 1910, com a músicaPelo Telefone, de Donga e Mauro de Almeida, tornando-se ao longo do tempo o legítimo representante musical do carnaval.
Na Bahia, os primeiros afoxés surgiram na virada do século XIX para o XX, com o objetivo de relembrar as tradições culturais africanas.
O carnaval, além de ser uma tradição cultural brasileira, passou a ser um lucrativo negócio do ramo turístico e do entretenimento. Milhões de turistas dirigem-se ao país na época de realização dessa festa, e bilhões de reais são movimentados na produção e consumo dessa mercadoria cultural.
TEXTO II
O que o Brasil fez pelo carnaval foi dar brilho, lantejoulas, penas de faisão, baterias, alegorias e pouca roupa, mas engana-se quem considera o evento como a maior festa popular do mundo. Não, não é não. O carnaval está cada vez mais aristocrático. Vendas de abadas caríssimos, camarotes caros egarantia de bons negócios. Ao povo, que não pode gastar fortunas, e é a grande maioria, resta mesmo ficar do lado da corda destinado à pipoca.De democrático isso não tem nada, porque os próprios trios elétricos não estão ali pura e simplesmente para divertir a massa, mas porque são financiados pela mesma. Recebem quantias exorbitantes das prefeituras, numa espécie de apadrinhamento político, e, no entanto, o pão não é garantia na mesa do povo que leva uma vida miserável.
TEXTO III
TEXTO IV
Na cultura brasileira o carnaval é muito mais do que um simples festejo, ou um feriado, constitui uma das peças que compõem a identidade brasileira, sendo esta entendida como tudo aquilo que nos diferencia dos estrangeiros. A necessidade de estabelecer uma identidade é inerente ao ser humano, um mecanismo de auto-afirmação que é contraditório, já que é composto mutuamente pela diferença e pela semelhança, somos diferentes dos outros (estrangeiros), mas somos iguais aos que compõem a ‘nossa comunidade’ (em termos de nação: brasileiros). É através da diferença com relação ao outro que a idéia de unidade da nação se constrói.https://www.imaginie.com.br/temas/o-carnaval-como-simbolo-da-nacionalidade-brasileira-no-seculo-xxi/
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