Combate à dependência de álcool pode ser feito com remédio; perceber os sintomas e saber ajudar colaboram para o enfrentamento
O alcoolismo é uma doença crônica ocasionada pelo consumo excessivo de bebidas alcoólicas. Por causar dependência, a pessoa que sofre com esse problema deixa de se dedicar às suas atividades diárias para se voltar ao álcool em qualquer ocasião.
Para lembrar o Dia Nacional de Combate ao Alcoolismo, celebrado em todo 18 de fevereiro, o E+ selecionou as dez principais perguntas feitas pelos internautas sobre alcoolismo.
As respostas foram dadas pela enfermeira Vivian Toscano da Silva, supervisora técnica de saúde no Centro de Atenção Psicossocial Álcool e Drogas III, no Jardim Ângela. Administrado pelo Centro de Estudos e Pesquisas Dr. João Amorim (Cejam), o local oferece, entre outros atendimentos, assistência aos familiares de usuários de drogas e álcool com orientação especializada.
Confira a seguir dez perguntas e respostas sobre alcoolismo:
O que é alcoolismo?
Alcoolismo não é o termo mais adequado que se usa, porque carrega uma questão mais negativa, a sociedade olha isso como prejudicial, então chamamos de dependência de álcool. A dependência de álcool é quando a pessoa que faz uso frequente de álcool começa a diminuir as ações diárias dela. Por exemplo: antes trabalhava e começa a faltar, estudava, mas abandona o estudo, começa a ter conflitos na família e a não dar conta de tudo o que é do cotidiano.
Quais os sintomas do alcoolismo?
Socialmente, conflitos na família e problemas no trabalho. Outra coisa é quando a pessoa começa a restringir toda a atividade social em detrimento do uso de álcool, não vai mais a encontros, não participa de festas, só vai aos locais onde tem álcool. Fisicamente, ela pode sentir tremor de extremidades pela manhã, tontura e cãibra em qualquer região do corpo. Ela se sente muito mal quando está sem álcool e quando levanta pela manhã precisa da primeira dose, não por prazer, mas para diminuir o mal-estar. A pessoa pode ainda ter náusea, vômito e, em alguns casos, até crise convulsiva. Há sintomas afetivos também, como irritabilidade, ansiedade, fraqueza, depressão e de sensopercepção, como ilusões e alucinações.
Quais as consequências do alcoolismo?
No longo prazo, pode causar perda de memória, doenças hepáticas, cirrose e desnutrição, deficiência de vitaminas porque não se alimenta direito. Há complicações no pâncreas e alterações gastrointestinais. O álcool é um carboidrato e, dentro do organismo, vai reduzir a fome, e a pessoa vai cada vez mais beber do que se alimentar. Nos homens, pode causar impotência sexual.
Como é feito o tratamento para alcoolismo? Existe remédio?
Existe um medicamento que é o antietanol, o único que realmente combate o álcool. Mas os médicos dão esse medicamento apenas em alguns casos porque, com ele, o paciente bebe menos e pode passar muito mal, o que leva a um problema grave de saúde. O antietanol é prescrito quando o médico tem confiança de que o paciente não vai fazer uso de álcool junto, ele inclusive assina um termo em que sabe dos riscos de juntar os dois. Outros medicamentos vão tratar os sintomas, como ansiolíticos e antidepressivos. O diazepam, por exemplo, é usado apenas nos primeiros dias de tratamento, durante a desintoxicação, porque, dentro do organismo, ele compete com o álcool.
Alcoolismo tem cura? Ou a pessoa sempre corre o risco de ter uma recaída?
No alcoólicos anônimos, a gente usa uma frase que é: 'só por hoje'. Quando o paciente já tem o diagnóstico, ele tem uma mudança no cérebro chama neuroplasticidade. O cérebro já conheceu aquela substância e mesmo se depois de dez, 20 anos a pessoa tiver contato com álcool, o cérebro vai desencadear sintomas, chamados de tolerância. A pessoa não vai conseguir ficar só em uma dose e vai querer 'tirar o atraso'. Pensando nisso, a cura está em não beber. Hoje, a gente lida com redução de danos, e a medicação para reduzir o consumo é prescrita até a pessoa parar de beber. É diferente daquele que só abusa do álcool e não é dependente, consegue ficar uma semana sem beber.
Uma dose de bebida alcoólica por dia não indica dependência, mas há chances de se tornar.
Quem bebe cerveja todos os dias é alcoólatra?
Não necessariamente. Não podemos determinar só pela frequência e quantidade consumidas. O diagnóstica inclui parte do social também. Quanto mais o paciente não dá conta, não consegue trabalhar, tem a vida comprometida, mais tem inclinação para ser dependente. Mas há questionário em que se apresentar três de sete critérios já pode considerar dependente de álcool. Por outro lado, há chance de em uma dose de vinho ou de whisky por dia desenvolver dependência.
Como identificar um dependente de álcool?
Identifica-se pelos prejuízos sociais, principalmente, mas também pela pessoa que se separa da família, não aguenta mais, perdeu o emprego, largou o estudo. Um dos sintomas da dependência é o abandono progresso dos prazeres e dos interesses alternativos, ou seja, de tudo o que faz na vida.
A própria pessoa consegue identificar que está se tornando dependente do álcool?
É muito difícil acontecer. A pessoa tem a ilusão de que vai parar quando quiser, mas, normalmente, não são todos os casos. Ela sofre uma pressão psicológica por parte das pessoas ao redor para parar de beber, mas essa percepção é subjetiva, que ela nega.
Há tipos de alcoólatras?
Temos casos leves, moderados e graves. Quem convulsiona é considerado o mais grave. Os outros dois são mais perceptíveis durante a entrevista. Aquele que percebe e ainda está no trabalho, tem problemas, mas está seguindo é leve. O moderado muitas vezes já perdeu o emprego e o grave, além de tudo isso, tem sintomas clínicos mais graves.
Como ajudar um dependente de álcool?
Tem de ser sutil, com alertas em forma de perguntas. Por exemplo: "Você já percebeu que perdeu o emprego por causa do álcool?". Tem de ser de forma respeitosa e menos invasiva, respeitando a pessoa no seu dia a dia, 'colocando a pulga atrás da orelha'. Quanto a tratamento, perguntar se ela já pensou em parar de beber, mostrar as consequência da bebida na vida dela. Tem de fluir com a pessoa, fazendo-a perceber os prejuízos de forma gradual. A intenção é fazer refletir. Quando a pessoa percebe e aceita que precisa de tratamento, tem de levá-la na hora [a um centro de ajuda], pois ela pode ter o sintoma da ambivalência, em que quer e ao mesmo tempo não quer parar de beber.
ATIVIDADES PROPOSTAS:
1º momento: Realize um esquema em forma de mapa conceitual sobre o texto:
2º momento: Utilize o programa Cmap tools introduzindo o esquema montado na aula anterior.
ATIVIDADE EXTRA
A partir da leitura dosTextos Motivadores e com base nos conhecimentos construídos ao longo de sua formação, redija um texto dissertativo-argumentativo em modalidade escrita formal da língua portuguesa sobre o tema “O abuso de álcool na sociedade brasileira”, apresentando proposta de intervenção que respeite os direitos humanos. Selecione, organize e relacione, de forma coerente e coesa, argumentos e fatos para defesa de seu ponto de vista.
De acordo com o psicólogo Itamar Moreira, o hábito de beber pode ser dividido em 7 (sete) Níveis, a saber:
1 - Bebedor Social
2 - Bebedor Social Moderado
3 - Bebedor Social Excessivo
4 - Alcoólatra Social
5 - Alcoólatra Insocial
6 - Alcoólatra Insocial Crônico
7 - Alcoólatra Insocial Crônico-Grave
Faça o Teste e descubra em qual Nível de Alcoolismo você se enquadra. O Teste deve ser feito por quem ingere algum tipo de bebida alcoólica. Você poderá fazê-lo por outra pessoa: amigo(a), namorado(a) ou esposo(a).
Assinale, abaixo, os itens que você (ou a outra pessoa) se enquadra. Ao terminar, o resultado lhe será exibido, mostrando-lhe o Nível em que você (ou a outra pessoa) se enquadra. Em seguida poste seu resultado no fórum.
"Poderia haver maior milagre do que olharmos com os olhos do outro por um instante?"
– Henry David Thoreau
Alguém duvida de que calçar os sapatos do outro pode ser transformador aos negócios? A importância da empatia no mundo dos negócios é um tema recorrente na discussão sobre os desafios do oscilante cenário do mercado atual.
Dividiremos esse tema em três posts para que possamos explorá-lo com maior desenvoltura. Neste post discutiremos o que é a empatia e a sua presença na atualidade.
O que é empatia?
“Calçar os sapatos do outro” é uma expressão que traduz muito bem o que a empatia significa - que é a capacidade de alguém se colocar no lugar do próximo e sentir as suas emoções, sejam elas positivas ou negativas. Empatia é definida como a capacidade de se identificar com outra pessoa, de sentir o que ela sente, de querer o que ela quer, de aprender do modo como ela aprende.
Para a sociologia, a empatia é uma forma de cognição do ‘eu social’ mediante três aptidões: para se ver do ponto de vista do outro, para ver o outro do ponto de vista de um terceiro ou para ver os outros do ponto de vista deles mesmos.
A ciência por trás da empatia
A descoberta dos neurônios-espelho, em meados dos anos 90, tem modificado o modo como pensamos sobre nós mesmos, e tem sido considerada um dos achados mais importantes sobre a evolução do cérebro humano.
Espalhados por partes fundamentais do cérebro, os neurônios agem quando realizamos uma ação e também quando observamos alguém realizá-la. Essas células disparam em resposta a cadeias de ações.
Este é o caso, por exemplo, de um bebê que começa a chorar porque um outro bebê perto dele está chorando. Ou o caso do riso, que se espalha em um grupo mesmo que as pessoas não estejam conscientes de porque os outros estão rindo.
Se você vir alguém emocionalmente aflito por alguma razão, os neurônios-espelho do seu cérebro irão simular aflição. Automaticamente, você sente empatia pelo outro porque, literalmente, sente o que ele está sentindo.
A lógica da psicologia, por sua vez, conclui que empatia é um processo de identificação no qual o sujeito se coloca no lugar do outro e, assim, com base em suas próprias suposições ou impressões, tenta compreender o seu comportamento. Faz parte de uma inteligência emocional profunda. A empatia permite àqueles que a possuem ver o mundo através dos olhos dos outros e entender suas perspectivas de forma única.
É bom observar que a empatia tampouco é o mesmo que aquela regra de ouro que diz “Faça aos outros o que gostaria que eles fizessem a você”. Tal recomendação pressupõe que seus próprios interesses coincidem com os dos outros.
Uma citação de um dramaturgo e romancista irlandês ilustra bem essa observação. Ele diz: “Não faça aos outros o que gostaria que eles lhe fizessem – eles podem ter gostos diferentes dos seus.” E é exatamente isso. A empatia é uma questão de descobrir esses gostos diferentes.
Empatia x Simpatia
Embora parecidos, esses termos têm significados diferentes e devem ser usados em situações diferentes. Apesar de ambos contribuírem para um bom desenvolvimento das relações humanas, seus conceitos são distintos.
Enquanto a simpatia envolve a inclinação para o pensar ou sentir de forma semelhante, a empatia depende de mecanismos como capacidade de entendimento, projeção; um processo de identificação. É ver o que o outro vê; é pensar o que o outro pensa; é sentir o que o outro sente. Ao contrário da simpatia, a empatia requer tempo e consideração.
A empatia no mundo
Brené Brown é uma renomada pesquisadora da Universidade de Houston que estuda as relações humanas. Em uma palestra no TEDxHouston de 2010, a pesquisadora comenta um estudo de Theresa Weiseman, uma estudante de enfermagem que pesquisou variadas profissões nas quais a empatia é relevante. Ela levantou quatro pilares:
- O primeiro deles é a tomada de perspectiva, ou seja, a habilidade de tomar ou reconhecer a perspectiva da pessoa como verdadeira;
- O segundo, diretamente ligado ao primeiro, é a ausência de julgamento, o que é muito complicado: atire a primeira pedra que nunca o fez!;
- O terceiro pilar é o reconhecimento das emoções em outras pessoas;
- E, por fim -- mas não menos importante -- a comunicação dessas emoções.
A relevância desse tema é tamanha que, em setembro do ano passado, foi aberto em Londres o Museu da Empatia, o primeiro do mundo. Nesse museu, os visitantes encontram um espaço onde podem se colocar no lugar de outras pessoas e ver o mundo através dos olhos delas. O objetivo é desenvolver mais empatia e criar uma revolução global através das relações humanas.
A experiência no museu começa com o visitante informando o tamanho do seu sapato para em seguida receber os calçados de outra pessoa. Ele deve andar por cerca de um quilômetro e meio neles e, enquanto caminha nos pés de outra pessoa, o visitante escuta um áudio em um Ipod com a história do dono do sapato, como se fosse uma conversa com alguém que não está lá e vai descrever o mundo segundo a própria visão.
Já em Nova Iorque acontece mensalmente a Applied Empathy, reunião na qual indivíduos de diferentes áreas são convidados a discutir com a plateia as diferentes formas como incorporam a empatia em suas vidas pessoais e profissionais. Um outro exemplo vem do Departamento de Artes da universidade de Stanford, na Califórnia, que promoveu entre agosto do ano passado e janeiro deste ano, uma exposição dedicada à empatia, representada através do olhar do Budismo, Cristianismo, Iluminismo e fotografias da era dos Direitos Humanos. É grande o número de eventos, sites e livros relacionados ao tema. Fonte: https://blog.mjv.com.br/o-poder-da-empatia
ATIVIDADE PROPOSTA
A partir da leitura dos Textos Motivadores e com base nos conhecimentos construídos ao longo de sua formação, redija um texto dissertativo-argumentativo em modalidade escrita formal da língua portuguesa sobre o tema “É POSSÍVEL TER EMPATIA NOS DIAS ATUAIS?”, apresentando proposta de intervenção que respeite os direitos humanos. Selecione, organize e relacione, de forma coerente e coesa, argumentos e fatos para defesa de seu ponto de vista.
Você tem crises de ansiedade com certa frequência? Caso a resposta seja sim, saiba que você não está sozinho: a ansiedade é considerada um dos grandes males do século XXI.
De acordo com a OMS, nos últimos 15 anos houve um aumento expressivo na frequência de transtornos relacionados a este sintoma em todo o mundo, com o Brasil na liderança do ranking.
É comum nos perguntarmos se o ser humano não é por natureza ansioso. Em primeiro lugar, é importante ter em mente que certa dose de ansiedade não é por si só um problema. Reagir a situações de estresse ou perigo sempre teve um caráter protetor para nós seres humanos.
No entanto, viver uma preocupação frequente e demasiada com as diversas situações do cotidiano que enfrentamos em nossa vida, acompanhada de estresse e tensões contínuas, traz consequências terríveis para o nosso bem-estar e a nossa rotina. É sobre essa tendência, cada vez mais frequente na sociedade atual, que falaremos nos tópicos a seguir.
O difícil quebra-cabeça da ansiedade
Ansiedade é, acima de tudo, um tema de grande complexidade, já que suas causas, sintomas e consequências costumam variar de acordo com as particularidades de cada indivíduo.
Ao longo da última década, novas variáveis passaram a ser objeto de investigação como possíveis exercedores de pressão sobre a mente humana: o uso de smartphones, as redes sociais, o excesso de informações, o crescimento do bullying na sociedade...
Com o objetivo de tentar desvendar esse quebra-cabeça, a MindMiners realizou um estudo com 550 pessoas espalhadas por todo o Brasil, de todas as classes sociais e faixas etárias. Vamos desbravar os principais resultados a seguir?
Sim, de fato vivemos uma crise de ansiedade
E quem sofre mais com crises de ansiedade?
Ao analisarmos os resultados de acordo com o perfil dos respondentes, chegamos à seguinte conclusão: as mulheres e os mais jovens sofrem muito mais de ansiedade. E por que isso ocorre? Ao longo do report, tocaremos em diversas questões que nos levarão a possíveis respostas!
O surto de ansiedade no século XXI tem portanto caráter global e vem suscitando diversos debates ao redor do mundo. A seguir, investigaremos alguns tópicos que atingem o ser humano no mundo atual, independentemente do local em que vivemos.
Família e relacionamentos: quando o amor é fonte de estresse
Vamos agora falar sobre um tema também muito atual que vem gerando polêmica e muitas vezes tem sido considerada uma das principais causas da crise de ansiedade no século XXI: o uso excessivo de tecnologia.Viramos marionetes da tecnologia?
Segundo estudo realizado há três anos pela Dscout, uma pessoa interage, em média, 2.617 vezes ao dia com seu smartphone, divididas em 76 momentos. Entre os 10% que mais usam o aparelho, a média de toques chega a dobrar: 5.427 por dia, distribuídas em 132 sessões.
Apenas esse dado assombroso já é suficiente para chamar a atenção sobre o impacto que o uso excessivo de tecnologia causa no nosso nível de ansiedade no dia a dia. Com um número de interações desse tamanho, é de se imaginar a frequência de interrupções em outras atividades do cotidiano.
Os números a seguir mostram que uma parcela considerável das pessoas têm consciência disso. Apenas uma pequena minoria discorda, por exemplo, que passa mais tempo do que deveria no celular e nas redes sociais e que a produtividade aumentaria sem o aparelho por perto.
É importante notar que entre os jovens e entre pessoas com grau mais alto de ansiedade, as taxas de concordância disparam. No entanto, chama a atenção que mesmo entre pessoas com mais de 40 anos, que muitas vezes só aderiram à tecnologia recentemente, os percentuais também são bastante altos.
Agitação durante o dia e durante a noite
Se não bastassem os efeitos durante o dia, nosso sono também tem sido prejudicado pelo uso excessivo de tecnologia. Diversos estudos já realizados comprovaram que a exposição durante a noite à luz azul, presente em celulares e tablets, inibe a produção de melatonina, hormônio essencial para uma boa noite de sono. Adolescentes que passam mais de quatro horas por dia utilizando dispositivos eletrônicos demoram, em média, 30 minutos a mais para dormir.
Os resultados da nossa pesquisa mostram que usar o celular antes de dormir é uma prática comum para 3/4 dos respondentes. 67% dos respondentes ainda concordaram com a afirmação de que a primeira atividade ao acordar é mexer no celular. Fica difícil ter uma noite perfeita de sono diante desse cenário.
Se for muito difícil largar o celular antes de dormir, vai uma dica: prefira deixar o quarto aceso enquanto mexe no aparelho. Mexer em eletrônicos com a luz apagada aumenta em 147% a chance de uma noite mal dormida, enquanto mexer com a luz acesa amplia em "apenas" 31% o risco.
Quando estamos concentrados numa atividade de trabalho e o celular apita, muitas vezes nos sentimos compelidos a abrir a notificação, seja ela do Whatsapp, Facebook ou Instagram: sentimos que temos que ler a mensagem naquele exato momento, senão podemos estar perdendo algo.
O mesmo vale para aquele restaurante incrível ou paisagem deslumbrante que algum amigo postou foto no Instagram, os memes que estão circulando por aí e com certeza serão assunto no bar da sexta-feira ou aquele convite para um evento que não tem nada a ver com nossos interesses, mas como todo mundo vai, fica chato não ir.
Estamos falando sobre o FOMO ou Fear of Missing Out, que sinaliza o medo de ficar por fora do que está acontecendo e é um dos principais fatores que nos estimula a permanecer hiperconectados. Os resultados abaixo confirmam essa tendência
2/3 dos respondentes afirmaram que as marcas contribuem para o aumento da ansiedade na sociedade. Além do estímulo ao consumo e ao bombardeio de informações já citados, o estabelecimento de padrões, sejam relacionados à beleza, a um estilo de vida ou outra questão, foram bastante apontados pelos respondentes. Também chama a atenção o alto número de pessoas que sente uma diminuição momentânea da ansiedade após comprar algo e que conhece ao menos alguém que sofre de consumo compulsivo.
Ainda de acordo com os resultados, as mulheres sofrem muito mais com os padrões sociais impostos e com o consumo excessivo. Inclusive, uma parcela considerável afirma que a propensão a consumir produtos como roupas e produtos de beleza aumenta em períodos de maior ansiedade.
Como você se olha no espelho?
Já que tocamos na questão dos padrões de beleza, é importante destacar também que a relação com o próprio corpo pode ser uma das maiores fontes de angústia de qualquer ser humano. Quase metade dos respondentes considera seu corpo pouco atraente e um grande percentual de pessoas tem grande preocupação em saber se é considerado atraente pelos outros.
É impressionante também como os percentuais disparam quando analisamos apenas as pessoas com alto grau de ansiedade. Além disso, jovens, mulheres e solteiros são os grupos que mais sofrem com essas questões.
Não é a toa que distúrbios relacionados à busca por padrões estéticos, como anorexia, bulimia e vigorexia têm crescido bastante. Felizmente, cada vez mais a mídia e as marcas têm abordado o tema sob diferentes perspectivas, procurando uma maior valorização da auto estima e da diversidade, principalmente entre mulheres.
A campanha pela Real Beleza produzida pela Dove, em 2004, foi uma das primeiras a tocar no tema e fez grande sucesso na época ao inspirar as mulheres a construir uma autoestima positiva e revelar a beleza em diferentes maneiras. Já em 2013, novo vídeo da marca sobre o assunto viralizou e se tornou um dos vídeos mais vistos da história.
E qual o impacto desse tipo de abordagem sobre a sociedade? De acordo com estudos realizados pela psicóloga de Harvard, Nancy Etcoff, campanhas do tipo tem grande poder sobre a sociedade e contribuíram, por exemplo, para que as mulheres passassem a definir a beleza em uma ampla gama de qualidades que vão muito além dos olhares.
Como as pessoas lidam com a ansiedade?
Não menos importante do que entender as causas da ansiedade é entender como as pessoas lidam com os sintomas que a acompanham. Nem sempre é fácil lidar com o tema e a falta de um tratamento adequado pode piorar os sintomas ou até mesmo trazer graves consequências colaterais em outras questões.
A tendência ao isolamento
Quando perguntados sobre o que fazem para tentar diminuir o nível de ansiedade e estresse no dia a dia, os respondentes deram uma grande variedade de respostas, com destaque para ouvir música, respirar, meditar, assistir filmes e dormir. Interessante notar que são em grande parte atividades realizadas a sós, sem a presença de uma companhia. Isso também está relacionado com a dificuldade das pessoas se abrirem sobre suas angústias: apenas 15% dos respondentes afirmou que se abre muito com alguém quando tem uma crise de ansiedade ou estresse.
Outros resultados reforçam que pessoas com elevado grau de ansiedade de fato tendem a isolar-se ainda mais. Apresentamos uma bateria de pares de atividades e cada respondente deveria assinalar aquela que preferia. A comparação entre pessoas com médio/alto grau de ansiedade e aquelas com baixo grau de ansiedade trouxe diferenças relevantes, sinalizando uma relação entre elevada ansiedade e preferência por atividades mais solitárias, como dormir e jogar games.
Tabus ainda prejudicam um tratamento adequado?
A falta de procura por ajuda profissional também é preocupante, já que o número de pessoas que frequenta um terapeuta é baixa mesmo entre aqueles respondentes de alta renda. O resultado de certa forma não surpreende, dado que fazer terapia ainda é visto como "coisa de louco" por muita gente.
Ao mesmo tempo, 1/3 das pessoas já tomou algum medicamento contra a ansiedade e dentro deste grupo, em torno de 1/5 das pessoas se automedicou. Trata-se de um dado alarmante, visto que medicamentos do tipo costumam ser extremamente fortes e eventualmente causar efeitos colaterais.
O consumo de produtos naturais, representado principalmente por diferentes tipos de chá, também se faz presente em 1/3 dos entrevistados e parece ser mais eficiente devido aos menores efeitos colaterais.
Se não bastasse, mais da metade dos respondentes diz que aumenta o consumo de alimentos quando está se sentindo ansioso. Esse aumento se reflete principalmente num maior consumo de doces e vem acompanhado de um sentimento de culpa em seguida. Mais uma vez, chama a atenção as maiores incidências desse tipo de comportamento entre as mulheres e os jovens.
Por fim, também preocupa o fato de 1/5% dos respondentes afirmarem que consomem mais bebidas alcoólicas quando têm alguma crise de ansiedade. O álcool muitas vezes serve de escape da realidade a ajuda as pessoas a se sentirem mais confortáveis em situações sociais, porém trata-se de um alívio temporário, que em nada muda o quadro clínico da pessoa e ainda traz outros efeitos danosos para a saúde.
Métodos alternativos: a tecnologia, novamente
Por fim, é interessante observar o crescimento de métodos alternativos no combate à ansiedade, como a meditação, yoga, slime, quiropraxia, entre outros. Em linhas gerais, os respondentes se mostram satisfeitos com os resultados, principalmente no caso da meditação e da respiração.
Ao mesmo tempo, muitas vezes esse tipo de prática se dá por meio de aplicativos ou vídeos disponíveis na internet. Vídeos relacionados a ASMR, slime e quiropraxia atingem milhões de visualizações no YouTube, enquanto apps de meditação batem recordes de download.
Esse cenário levanta uma questão: até que ponto isso não pode nos deixar ainda mais reféns da tecnologia? Sendo ela uma das causas de nossa ansiedade cotidiana, não seria contraditório utilizá-la como ferramenta para tentar resolver o problema?
O mesmo vale para os livros de auto-ajuda. É inegável o sucesso da categoria e que esse tipo de abordagem pode realmente funcionar para algumas pessoas. Mas ao oferecerem manuais de como devemos nos comportar e agir, não estariam também exercendo apenas mais um tipo de pressão sobre a forma com que regemos a nossa vida?
O problema é quando os sintomas aparecem sem motivo aparente e são constantes — medo, inquietação, irritabilidade, taquicardia, falta de ar e aumento da pressão são sinais de ansiedade patológica. O problema atinge 33% da população, segundo a Organização Mundial de Saúde, e 4 em cada dez brasileiros, de acordo com o Instituto de Pesquisa e Orientação da Mente (Ipom).