segunda-feira, 6 de abril de 2015

Analfabeto Político

Resultado de imagem para ANALFABETO POLITICOO pior analfabeto é o analfabeto político. Ele não ouve, não fala, nem participa dos acontecimentos políticos. Ele não sabe que o custo de vida, o preço do feijão, da carne, da farinha, do aluguel, do sapato e do remédio dependem das decisões políticas. O analfabeto político é tão burro que se orgulha e estufa o peito dizendo que odeia a política. Não sabe o imbecil que, da sua ignorância política, nasce a prostituta, o menor abandonado, e o pior de todos os bandidos, que é o político vigarista, pilantra, corrupto lacaio, exploradores do povo. Bertolt Brecht. 

Resultado de imagem para ANALFABETO POLITICOO poema de Bertold Brecht trata-se de uma crítica feita pelo autor não ao analfabeto no sentido letrado, aquele não sabem ler nem escrever, mas o analfabeto que não tem a compreensão de que a política interfere diretamente na sua vida cotidiana, determinando inclusive suas próprias condições de sobrevivência, no custo de vida, no preço do pão, do aluguel, do sapato, do remédio. O autor também enfatiza que a falta de envolvimento dos cidadãos nas questões politicas, tanto em saber escolher seus representantes, como em participar da vida política gera uma série de problemas sociais como a prostituição, a violência e a corrupção. 

Sabemos que o descaso dos governantes para com a sociedade também é fruto da falta de interesse dos cidadãos em relação aos assuntos políticos, bem como fiscalizar e cobrar dos governantes ações que melhorem a vida da população. Assim sendo, Brecht, nos chama a atenção para os processos de mudanças em que todos nós somos responsáveis, enfocando que a política não é algo distante da sociedade ou mesmo limitado ao âmbito político-partidário, sendo que os cidadãos também fazem política.

Sobre farinhas do mesmo e de outros sacos
Sobre farinhas do mesmo e de outros sacos Não contribui para o bom funcionamento da democracia a ideia tão brasileira de que os políticos são todos iguais São todos iguais. Farinha do mesmo saco. É assim que o eleitor brasileiro, com frequência, se refere aos políticos. Seriam todos uns a cara esculpida e escarrada dos outros. Fazem promessas vãs. Eleitos, dão as costas ao eleitorado. Só se importam com os próprios interesses. E roubam, roubam. Se são todos iguais, como escolher entre um e outro? Como decidir em quem votar? Aliás, para que votar? A crença no "são todos iguais", muito partilhada no Brasil, é na verdade uma das principais responsáveis pelo mau funcionamento da democracia no país. O comentário vem a propósito do escândalo que envolve a administração da cidade de São Paulo. A partir do gesto destemido de uma professora de ginástica, que se recusou a pagar a propina exigida pelos fiscais da prefeitura para autorizar o funcionamento de sua academia e os denunciou, veio à tona todo um lamaçal de falcatruas, com ramificações em múltiplos cantos do Executivo municipal, passagem importante pela Câmara dos Vereadores e ímpeto que ameaça mesmo a cadeira do prefeito. Ao leitor de outros Estados o assunto pode parecer distante, mesmo o de São Paulo pode não se ter dado conta do tamanho do problema, mas a esta altura é permitido afirmar que o caso se equipara aos escândalos Collor-PC, Anões do Orçamento ou Precatórios. A maior cidade do país, ficou-se sabendo, era uma Chicago entregue a Al Capone, Bagdá abandonada a Ali Babá, Jerusalém doada aos incréus. E, diante dessa tenebrosa realidade, quais foram as reações? Duas foram muito comuns, a saber: 1. Sempre foi assim; 2. Todo governo faz isso. O "sempre foi assim" refere-se ao fato de sempre ter havido fiscais que exigem propinas. Certo, mas isso não impede que o fenômeno conheça variados graus de extensão, que os fiscais ajam mais ou menos à vontade segundo a leniência dos chefes e que o problema assuma proporções máximas quando se recobre, como é o caso, de formas institucionalizadas de planejamento das roubalheiras, arrecadação das prebendas e distribuição dos butins. O "todo governo faz isso" refere-se à questão, central no caso presente, de o prefeito ter entregue a vereadores o controle das chamadas administrações regionais. Certo, até na Alemanha, onde o Partido Verde ocupa alguns ministérios em troca do apoio ao governo social-democrata, se faz isso. A diferença é que em São Paulo a divisão obedeceu menos a esse padrão, ou mesmo ao padrão tradicional do patrimonialismo brasileiro, do que àquele pelo qual os bicheiros, no Rio de Janeiro, dividem as zonas da cidade. O "sempre foi assim" e o "todo governo faz isso", nem seria preciso acrescentar, servem de defesa aos implicados, direta ou indiretamente. "Todo fiscal é corrupto", disse, com a habitual imprudência verbal, o ex-prefeito Paulo Maluf, chefe do partido e patrono último da turma do escândalo. Os vereadores contemplados com o loteamento das administrações regionais têm se defendido com o "todo governo faz isso". Tanto o "sempre foi assim" como o "todo governo faz isso" remetem ao axiomamãe segundo o qual os políticos são todos iguais. Se não se acreditasse que todos são iguais, não se acreditaria que sempre foi assim nem que todo governo faz isso. Ora, acreditar que os políticos são iguais é, ao mesmo tempo, uma impossibilidade lógica e uma renúncia de direitos. Impossibilidade lógica porque nunca duas pessoas, mesmo que profissionais da mesma atividade, ou membros da mesma corporação, são iguais. Os advogados não são todos iguais, nem os pedreiros, nem mesmo os bandidos. É uma renúncia de direitos porque o cidadão que assim pensa mentalmente rasga o título de eleitor. Se é tudo igual, para que votar? O cidadão em geral acredita que os políticos são iguais de boa-fé, mas com isso acaba fazendo o jogo dos piores. São eles os principais interessados em que se acredite que "é tudo farinha do mesmo saco". O quadro que se revela em São Paulo é obra de um grupo específico, que já há dois mandatos toma conta da cidade e agora tem suas vísceras expostas. Um membro desse grupo, o vereador Wadih Mutran, ao ser entrevistado no programa Opinião Nacional, da TV Cultura de São Paulo, defendeu o colega Vicente Viscome, preso na semana passada, com o argumento de que Viscome é tão rico que "nem precisava ser vereador". Eis um cacoete de linguagem que vale por uma confissão. "Tão rico que nem precisava..." Isso revela uma concepção segundo a qual vai para a política quem precisa ainda enriquecer. O que ocorreu na cidade não ocorreu porque todos são assim, mas porque eles, os atuais detentores do poder municipal, são assim. Trata-se de um grupo que, a cada eleição, costuma dizer-se renovado, convertido dos pecados da vez anterior, mas que, a cada nova oportunidade, mostra-se, ele sim, mais igual ainda a si mesmo. Construir uma democracia supõe saber distinguir diferenças. Começaremos a construir a nossa quando deixarmos de acreditar que é tudo a mesma coisa.

 Fonte: http://veja.abril.com.br/070499/p_150.html





fonte: http://sociologianaescolaa.blogspot.com.br/2012/08/o-analfabeto-politico.html

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