segunda-feira, 4 de novembro de 2019

Tatuagem: modismo ou formação de identidade?

Resultado de imagem para Tatuagem- tattoo- escritaVocê certamente conhece alguém que tem um desenho gravado na pele. Ou é você que tem uma tattoo? Usadas para marcar um momento importante, fazer uma homenagem ou simplesmente para embelezar o corpo, as tatuagens têm suas origens muito antes de Cristo.

Com o passar do tempo e dos acontecimentos históricos, os estilos de tatuagem foram mudando, assim como o público adepto a carregar esse tipo de arte na pele. Para entender melhor a história da tatuagem, suas influências e suas origens, confira o artigo:

Os primeiros registros

O registro mais antigo de uma tatuagem foi descoberto em 1991 no cadáver congelado de um homem da Idade do Cobre. Os restos mortais do homem, que foi apelidado pelos cientistas de “Ötzi”, datam de 3.300 anos antes de Cristo. Em seu corpo foram encontradas diversas linhas na região das costas, tornozelos, punhos, joelhos e pés. Supõe-se que os desenhos tenham sido criados a partir da fricção de carvão em cortes verticais feitos na pele.
Depois de estudar o corpo, exames de raio X revelaram degenerações ósseas ao lado de cada uma das tatuagens. Isso levou os cientistas a acreditar que o povo de Ötzi – que são os ancestrais de parte dos europeus – utilizasse os desenhos como uma espécie de tratamento médico para diminuir a dor.

Com o desenvolvimento das civilizações, as tatuagens ganharam outros significados. De acordo com o National Geographic, as mulheres que dançavam nos funerais egípcios por volta de 2000 antes de Cristo tinham os mesmos desenhos abstratos de traços e pontos encontrados em múmias do sexo feminino desse período. Mais tarde, nota-se também o surgimento de tatuagens que representavam Bes, a deusa egípcia da fertilidade e da proteção dos lares.

Os romanos e as cruzadas

Enquanto algumas civilizações costumavam adornar seus corpos com desenhos e técnicas variadas, os antigos romanos não faziam tatuagens por acreditarem na pureza da forma humana. Por esse motivo, as tatuagens eram banidas e reservadas apenas para os criminosos e os condenados.

Com o passar do tempo, os romanos começaram a mudar sua visão com relação à tatuagem, motivados principalmente pelos guerreiros bretões, que usavam insígnias de honra tatuadas na pele. Assim, eles passaram a admirar a bravura dos guerreiros e os símbolos que eles carregavam. Em pouco tempo, soldados romanos também gravaram suas próprias marcas. Outro fato interessante é que os médicos romanos desenvolveram excelentes técnicas para aplicar e remover os desenhos.

Já durante as cruzadas dos séculos 11 e 12, as tatuagens foram usada para identificar os soldados de Jerusalém. Todos aqueles que tivessem o desenho da cruz em seus corpos receberiam um enterro propriamente cristão se fossem mortos em batalhas. O National Geographic ressalta que após as cruzadas a tradição da arte gravada na pele caiu em desuso no Ocidente por um período, mas continuou a crescer em outras partes do mundo.

A origem do nome

No começo do século 18, marinheiros europeus tiveram seu primeiro contato com povos que viviam em ilhas na região sul e central do Oceano Pacífico e tinham as tatuagens como um importante aspecto cultural.

No Havaí, por exemplo, quando as pessoas estavam de luto, elas tinham três pontos tatuados na língua. Já em Borneo, os nativos costumavam gravar a imagem de um olho na palma da mão do falecido para que servisse como um guia espiritual que o levaria à próxima vida. Na Nova Zelândia, os Maoris – um povo nativo da região – tatuam o rosto como uma forma de expressão e uma maneira de identificar a família a que se pertence.

Em 1769, o capitão britânico James Cook desembarcou no Taiti, onde a palavra “tatau” era usada para designar a maneira com que a tatuagem era feita – fazendo a tinta penetrar no corpo. Um dos instrumentos utilizados pelos habitantes das ilhas do Pacífico para realizar os desenhos consistia em uma concha afiada presa a uma vareta de madeira. Acredita-se que a palavra “tatau” tenha dado origem ao termo “tattoo”, um dos nomes mais usados para os desenhos gravados na pele.

A tradição oriental

A tatuagem é uma prática vastamente difundida no Japão desde o século 5 antes de Cristo. Usada para o embelezamento do corpo ou para marcar criminosos, a arte chegou a ser proibida em 1870. Isso fez com que os tatuadores passassem a atender ilegalmente e deu origem a desenhos únicos, que são reconhecidos como tipicamente japoneses na atualidade.

A Yakuza – também conhecida como a máfia japonesa – é uma das principais referências em tatuagem no Japão. Usando uma técnica chamada “tebori”, que é mais rudimentar, demorada e dolorida do que a tatuagem feita com máquina, os membros da Yakuza cobrem seus corpos do pescoço aos tornozelos com desenhos cheios de significados, como o dragão, a carpa, o tigre, os lutadores e alguns tipos de flores.

A tatuagem nos dias de hoje

Em 1891, o inventor americano Samuel O’Reilly patenteou a primeira máquina elétrica de tatuagem do mundo, deixando para trás as ferramentas tradicionalmente utilizadas no Ocidente. Nos anos seguintes, a tatuagem ficou marcada como uma forma de expressão de grupos de contracultura, marinheiros e veteranos da Segunda Guerra Mundial.

Ao longo de toda a história da tatuagem, os desenhos gravados no corpo sempre geraram polêmica e, em alguns casos foram recebidos com preconceito. Atualmente, as pessoas que carregam imagens na pele não pertencem mais a um determinado grupo. Os desenhos são os mais variados e servem como uma forma de expressão individual.

A popularização da prática da tatuagem pode ser vista em feiras e convenções que são regularmente organizadas em diversos países e reúnem um público bastante eclético que tem como único ponto em comum o interesse pelos desenhos gravados na pele.

ATIVIDADE PROPOSTA:

ATIVIDADE AVALIATIVA

ATIVIDADE EXTRA:
A partir da leitura dos textos motivadores e com base nos conhecimentos construídos ao longo de sua formação, redija texto dissertativo-argumentativo em modalidade escrita formal da língua portuguesa sobre o tema  Tatuagem: modismo ou formação de identidade?, apresentando proposta de intervenção que respeite os direitos humanos. Selecione, organize e relacione, de forma coerente e coesa, argumentos e fatos para defesa de seu ponto de vista.

Textos motivadores
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Texto 1

tatuagem é o resultado de um depósito de pigmentos coloridos (ou não) insolúveis na pele. Esses pigmentos formam um desenho e permanecem definitivamente na camada subcutânea.
Hoje em dia, a técnica mais comum introduz esses pigmentos com o uso de agulhas especiais na segunda camada do tecido epitelial (pele), na região da derme. Mas há outras técnicas utilizadas, como a sumi, que usa o bambu em lugar de agulhas.
A tatuagem surgiu primeiramente entre tribos e clãs, como fator distintivo de grupo. Estima-se que isso ocorreu há pelo menos 3500 anos atrás. Inclusive, foi comprovada uma tatuagem em uma múmia do século VII dos nossos tempos   – e há ainda quem diga que é um sintoma da modernidade. Depois, com as evoluções sociais e da própria tatuagem passou a ser o que é hoje, ou seja, mais uma expressão da personalidade, uma marca particular do indivíduo.
Segundo o jornalista João do Rio: “primeiro homem, ao perder o pelo, descobriu a tatuagem”.
Outra forma de uso da tatuagem era para marcar os fatos que marcavam fases da vida, dentre eles o nascimento, a puberdade, a reprodução e a morte. Em tempos modernos, a tatuagem se disseminou primeiro entre marinheiros para, décadas depois se tornar comum entre presidiários. Foi por conta disso que, por um longo tempo tatuados foram marginalizados.
O crescimento das tattoos em peles femininas é algo recente. Sendo hoje visto como algo normal, foi outrora visto como bizarrice tamanha ao ponto de mulheres tatuadas se tornarem atrações em circo. Mas nem sempre foi motivo de entretenimento, houve ainda momentos de utilização de tatuagens para fins terríveis, como para marcação de prisioneiros judeus, que foram numerados durante a Segunda Guerra Mundial.
Com o tempo ela passou a ser utilizada para relatar os fatos da vida social, como:
  • transformar-se em guerreiro;
  • tornar-se sacerdote;
  • tornar-se rei;
  • casar-se;
  • celebrar a vida;
  • identificar os prisioneiros;
  • pedir proteção ao imponderável;
  • garantir a vida do espírito durante e depois do corpo.
Fonte: Disponível em: <https://www.mundodastatuagens.com.br/historia-da-tatuagem/>. Acesso em: 19 mar. 2016. (texto adaptado)

Texto 2

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Texto 3

A arte virou moda e deixou de ser um reduto de jovens e marginais.
Há quem goste e quem não goste, mas é difícil ficar-lhes indiferente. As tatuagens tornaram-se uma moda nos últimos anos e é com a chegada do Verão que este facto ganha peso. O corpo menos tapado revela o que anda escondido no tempo frio.
Ana Paula Castela apercebeu-se disso numa ida ao Rio de Janeiro. Nas praias da cidade maravilhosa não faltavam tatuados a exibirem-se e tatuadores a fazerem o mesmo. “Enquanto estive na praia devem-se ter aparecido aí uns 15 a quererem-me fazer tatuagens”.
De regresso a Portugal esta lisboeta, que é professora da Escola Superior de Gestão de Idanha-a-Nova e vive em Castelo Branco há quase 30 anos, deitou mãos à obra e iniciou uma investigação que resultou na tese de doutoramento “O Corpo Escrito- As Tatuagens na Pós-Modernidade”, pela Faculdade de Ciências Sociais da Universidade de Salamanca.
Neste trabalho as tatuagens são um veículo para estudar a sociedade contemporânea, novos valores e maneiras de ver o corpo.
Para Ana Paula Castela o bilhete de identidade deixou de ser a única marca do indivíduo. “As pessoas hoje em dia identificam-se pelos seus gostos musicais, estilos de vida”, agrupando-se em tribos. E isto não é propriamente uma novidade já que as tatuagens existem desde os tempos mais remotos da humanidade. O homem do gelo do Neolítico tinha 57 tatuagens.
“Algumas tribos tinham a ver com o sublinhar da linhagem da família (…) há outro caso em que tem a ver com os rituais de passagem e marcar acontecimentos da tribo”. Algumas destas razões continuam atuais, como a investigadora verificou ao longo das quase quatro dezenas de entrevistas que fez para a tese.
Um dos homens com quem falou, de 23 anos, estava a tatuar na zona da barriga a frase “don´t trust”, em português “não confies”. Ele disse-lhe que o fez porque tinha de deixar marcado na pele este aviso permanente.
Os homens que fazem tatuagens usam o corpo para marcar um acontecimento da vida, como uma espécie de biografia. As mulheres “consideram a tatuagem uma jóia que vai tornar o seu corpo mais atraente”.
Para alguns o corpo é uma verdadeira galeria de arte e não se inibem de fazer centenas ou milhares de quilómetros para serem tatuados. É aqui que entra o vício, que muitos assumem e provam com a pele.
Nem jovens, nem marginais
No mundo das tatuagens há também ideias feitas que o estudo de Ana Paula Castela clarifica. A primeira tem a ver com a idade de quem as faz. A generalidade dos tatuados tem entre 25 e 40 ou mais anos, não só porque os menores precisam de autorização parental, mas também porque não têm poder de compra. A tatuagem é mesmo um meio de afirmação da juventude. “Há 30 anos os jovens queriam ter um ar adulto e hoje é exatamente ao contrário, os pais querem parecer-se com os filhos”, diz Ana Paula Castela.
Este também deixou de ser um reduto de marginais e hoje “há advogados, juízes e professores com tatuagens”. Impunha-se por isso a pergunta a Ana Paula Castela: tem tatuagens? A resposta é afirmativa e conta que durante as entrevistas fez duas. “E vou fazer outra, porque não há dúvida que isto é um vício”.


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